por Moisés Morais
O Brasil alcançou a macabra marca de mais de 200 mil mortos por causa do covid-19. No entanto, o Governo Federal mantêm uma espécie de operação tartaruga para implementar uma campanha de vacinação que possa promover a imunização da população e evitar que a mortandade se prolongue mais e mais.
O atraso para deslanchar uma vacinação em massa no Brasil é algo deliberado da Presidência da República e resulta de duas questões: primeiro, do negacionismo científico, que corresponde a um dos tentáculos ideológicos do grupo politico que está no poder, desprezando a manutenção de quadros técnicos para privilegiar a nomeação de militares das forças armadas para o staff do Ministério da Saúde; e, segundo, o interesse de que a pandemia dure mais tempo, pois, apesar da inoperância do Governo Federal no que tange ao combate do coronavírus, a aprovação do atual Presidente mantêm níveis suficientes para lhe deixar no páreo eleitoral de 2022.
A reeleição em 2022 está em perspectiva para Jair Bolsonaro, resta saber se ele continuará conciliando a agenda ultraliberal que lhe rendeu o apoio das elites com uma política que transfira renda para a população pauperizada, como foi até aqui o auxílio emergencial. Se essas duas demandas forem equacionadas e a oposição se manter fragmentada, a chance de uma reeleição se torna factível. Mas, no caso de uma derrota eleitoral em 2022, ao que parece, Jair Bolsonaro, possui um plano B, uma vez que se comporta como se fosse uma xerox de Donald Trump, por isso tende inflamar sua base eleitoral, atribuindo uma eventual vitória de outra candidatura à uma suposta fraude.
no caso de uma derrota eleitoral em 2022, ao que parece, Jair Bolsonaro, possui um plano B, uma vez que se comporta como se fosse uma xerox de Donald Trump
Certo é que a última cartada lançada por Trump para permanecer no poder tem sido malfadada, o que não impede que algo similar possa ser tentado no Brasil, pois por aqui, ao que tudo indica, temos um cenário mais explosivo, o capitão conta com o apoio de hordas que podem se amotinarem em armas no país. ‘Algo que poderá conter arroubos desse porte será se “as instituições funcionarem” e tirarem da gaveta o processo das fake news na eleição de 2018, o caso da rachadinha envolvendo Flavio Bolsonaro e Queiroz, ou aprofundarem as investigações sobre o assassinato de Mariele Franco e Anderson Gomes. Essas questões são como espadas dependuradas sobre a cabeça do atual presidente e devem perturbar o seu sonho de governar o Brasil como um tirano à moda antiga.
Moisés Morais é Historiador e Professor. Mestre em História pela UNEB.
Comments