por Achel Tinoco
Silêncio.
O silêncio do sertão esturricado
que não geme e não se faz ouvir;
do Sol que o esbofeteia impunemente
e faz toda a gente de gado;
daquele pai que perde um filho;
de Deus que secou o pasto.
O silêncio inocente da espera.
A lágrima que rola terra abaixo
pela face valada do sertanejo
como um boi de arrasto
pisoteia as nuvens escuras
das águas de março.
Um silêncio amargo:
está o sertão à frente
o homem caminha só
passa o governante ao largo.
Silêncio.
Achel Tinoco é poeta e escritor.
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